Amordaça
Um dia,
Quando as cordas umbilicais
Me desatarem deste trágico mundo,
Talvez eu sinta coragem
De vomitar tudo o que penso
E o que me fizeram engolir
Sem mastigar.
Enquanto isso
Sorvo pelas manhãs
Gramas de açúcares e cafés
Na esperança de enriquecer
Sem muito esforço…
É preciso comer muitos sapos
E silenciar nossos gritos
Para sobrevivermos
Na penúria das migalhas
Que nos sobram…
E não há quem nos proteja
Das façanhas deste mundo louco.
Há justiça
Somente para os miseráveis !