A REALIDADE PARALELA DOS MEUS DESEJOS
Apaguem a luz
escureçam o mundo
que vou ouvir apenas o que quero
Afastem os divergentes
todos os que pensam o contrário
eliminem os contraditórios e os inversos
que vou estar como sempre estive certo
Limpem da realidade a complexidade
subtraiam o que ali for complicado
retirem o multiforme e o multifacetado
e me deixem apenas com a minha verdade
Construam muros de crenças inabaláveis
suprimam os avessos e os revessos
cancelem qualquer coisa que eu ache errado
pois só pode existir o que em mim é visível e correto
Reduzam o universo ao tamanho de um cercado
onde não há conflito entre o que penso, sinto e faço
circulem o redor com enormes espelhos inexoráveis
deixem de fora os antagônicos desconfortáveis
e vou ser feliz vivendo no meu pequeno quadrilátero
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Em língua portuguesa a poesia satírica tem sua origem na lírica trovadoresca galego-portuguesa do período medieval