Em um jardim...
Por entre aqueles laranjais floridos
Do teu amor dissestes – como um canto
Em meio as flores, botões coloridos
Eu te escutava, bebia o teu pranto!
Vinha a tarde. Nós dois na alfombra
Daquele jardim perfumado e vasto
Escondemos debaixo de uma sombra
Nosso primeiro beijo - puro e casto!
E ali – num roseiral de espinhos cheio
Furaste o teu dedinho tão mimoso
Por entre as flores daquele passeio
O teu semblante – era mais formoso;
Os teus cabelos que o luar prateia
Caíam soltos pela espádua nua
Igual ao trigo que o vento ondeia
E a borboleta que no ar flutua;
Tens o perfume que a brisa espalha
Das belas flores na vasta campina
Como o sereno que a noite orvalha
O pequenino ramo da bonina
A tua voz como um afago doce
Me acalma como a mãe ao filho barde;
E assopra-me como se um vento fosse
Da brisa fresca em viração de tarde!
Um beija-flor, roxo como o hibisco
Colheu dos lábios teus um beijo ardente
O néctar no seu biquinho arisco
Levou aos céus – a Deus como um presente!
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Passados dias – fico aqui cismando...
Comigo – totalmente absorto
E ao próprio tempo ás vezes perguntando:
- Estivemos nós dois naquele horto?