CONFISSÃO NIILISTA
Alguns de nós
querem saber demais.
Ser mais do que cada um
pode ser.
Buscam prevalecer pela boa retórica,
arrebatar para verdade
pela sedução do bem dizer.
Alguns de nós
acham que sabem mais.
Que todos devem lhes obedecer.
Querem ser senhores de rebanhos,
autoridades morais,
defensores de um douto saber,
de valores universais e de um novo querer.
Mas, contra a pretensa autoridade
dos sabe tudo,
afirmamos a liberdade
de nossa ignorância,
nossas dúvidas, limites
e desesperanças.
Só confiamos no niilismo,
na arte de nada ser
e de em nada crer.
Ousamos duvidar de tudo
e por ao rés do chão todos os ídolos.