Soprando as cinzas
Abrindo as janelas
sopro as cinzas
de um carnaval que não vivi...
Se estou triste?
Nem um pouquinho...
Porque eu mesma escolhi..
dias tranquilos, à margem de tudo.
Só não concordo, agora, em carregar
a pesadez de uma despedida
que nem é minha...
E assim como não pintei os outros dias
de cores exageradas e gritantes...
também não fui eu a tingir de chumbo e chuva
essa quarta monótona que se anuncia.
Na verdade, depois dos festejos
sempre vem uma espécie de penitência
seja em forma de tédio, complacência,
ou simplesmente aceitação...
como se voltar aos dias normais
fosse uma pena a ser cumprida...
porque de fato é somente .... uma continuação da vida.
Se estou amarga?
Nem um pouquinho...
aliás, acordei pensando em collher flores,
aspirar perfumes,ouvindo a música das esferas...
e, depois de tanto meditar
acabei concordando, afinal,
em repartir a pesadez desse dia
com meus irmãos que saíram pelas ruas
para viver o carnaval...