De Dentro
Quando se sente sem diluir,
entopem-se as vias, os caminhos,
embaça-se a vista.
É veneno que corre na alma,
desequilíbrio egoísta,
nervosismo anti-calma.
Aventura, devoção, presença, falta...
Tanto abismo na lista...
Tanto achismo no berro
de uma mente-tagarela-armadilha.
Capturei o fragmento,
o pedaço do tempo daquele segundo.
Perdura, cada vez mais profundo,
determinado sentimento,
pesadas levezas do mundo.
É leve, quando se tem, atento,
as certezas do próprio inferno e absurdos.
Pesado, quando se tem, ferrenho,
as quase certezas de um olhar turvo.
Pela postura, lê-se o pensamento,
na telepática silhueta que nos jorra tudo.
Os limites que circundam o belo
empenham-se em destruí-lo.
As verdades que eu não quero
são só mentiras, vícios.
O que define o que é e o que não é?
A tudo o que é imposto, a afronta.
A tudo o que é genuíno, o
compromisso.
O dia trouxe frio e chuvisco,
abracei a mim e decidi dormir.
Nada é tão sério, nem mesmo o risco
de sentir a tudo e decidir seguir.
Há de se diluir...
Pra perdurar, persistir,
tornar real para si
o objetivo de qualquer amor.
Reatando Versos, 23 de outubro de 2023.