amores
Em silêncio, seu nome se entranha em mim, precipício no qual me lanço.
Nas profundezas de meu ser, encontro, entre vísceras, cascatas indomáveis
E um terremoto inacabado. Seu rosto, majestoso, derruba as pedras
Que constroem esta rua, seus muros de areia, frágeis divisões entre
Nós e o limiar. Escolho conhecer, penetrar em seu pesadelo, morrer
Como você morreu: na angústia da queda e na irrefutável verdade.
A vida, efêmera mas palpável em nosso tormento, nos transforma
Em seres desterrados, mais propensos a fugir do que a aprender a arte
Do voo. Contudo, amamos. Resta-nos apenas viver e exaltar a ferida
Eloquente ou a vertigem que, na entrada, nos oferece uma generosa
Amostra de sua arte. Lançamos pedras contra a distância, como um jogo;
Caminhamos, pensamos nela, nele, naquela febre patética. Na escola,
Jovens, vivendo mais que os outros, eram conhecidas pelo olhar, ou por
Corações tão voláteis quanto as promessas de consolo que ofereciam. E eu
Amei, oh, como amei cada uma, imaginando que, à sua maneira, cada
Uma oferecia seu peito, sua pele, sua gratidão por ter sido amada.
Ainda que fosse vasta as oferendas que a vida lhes propunha,
Até hoje, sinto o tremor do amor de todas essas mulheres