EM MEIO À SOLIDÃO DE UMA CRIANÇA
EM MEIO À SOLIDÃO DE UMA CRIANÇA
pouco importa tua vida
criança esquecida
pouco importa teu ser sensível
criança invisível
pouco importa teu instante
criança flutuante
pouco importa tua esquiva
criança cativa
a guerra escorre-me pelas pálpebras
um pouco de mim mesma
a esmo se ergue em vermelho
tingindo tuas pegadas miúdas
em terras amaldiçoadas
bendita criança resistente
teu choro resiliente
umedece cinzas e poeiras
nenhuma promessa
traz paz
nenhuma esperança
contempla tua voz ressuscitada
e
a lúcida eternidade
da tua dor descartada
dói-me
absolutamente
absurdamente
em minha impotência
diante da tua idade pouca
da tua lágrima vertente
da tua garganta rouca
dos teus olhos súplices
do teu sorriso ausente
meus olhos refletem os ecos
da tua vulnerabilidade
da tua infância interrompida
da tua chama extinguida
e
lágrimas
caem
Biguleto