EM MEIO À SOLIDÃO DE UMA CRIANÇA

EM MEIO À SOLIDÃO DE UMA CRIANÇA

pouco importa tua vida

criança esquecida

pouco importa teu ser sensível

criança invisível

pouco importa teu instante

criança flutuante

pouco importa tua esquiva

criança cativa

a guerra escorre-me pelas pálpebras

um pouco de mim mesma

a esmo se ergue em vermelho

tingindo tuas pegadas miúdas

em terras amaldiçoadas

bendita criança resistente

teu choro resiliente

umedece cinzas e poeiras

nenhuma promessa

traz paz

nenhuma esperança

contempla tua voz ressuscitada

e

a lúcida eternidade

da tua dor descartada

dói-me

absolutamente

absurdamente

em minha impotência

diante da tua idade pouca

da tua lágrima vertente

da tua garganta rouca

dos teus olhos súplices

do teu sorriso ausente

meus olhos refletem os ecos

da tua vulnerabilidade

da tua infância interrompida

da tua chama extinguida

e

lágrimas

caem

Biguleto

Biguleto
Enviado por Biguleto em 12/02/2024
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