DIAS MENORES
Encantam-me os dias menores,
as horas sem brilho,
a melancolia e a preguiça
de qualquer fim de tarde.
Encanta-me o tédio,
o vazio,
o ilegível acontecimento
de simplesmente estar vivo
e anonimamente enterrado em qualquer paisagem.
Encanta-me a saudade
de tudo que foi outro dia,
daquilo que nunca mais será,
mas que na memória
ainda intensamente brilha.
Encanta-me este fastio,
esta falta de vontade
de saber futuros
diante do inconcluso
dos meus tantos passados.
Encanta-me a insignificância,
a mortalidade,
a luz semi morta do crepúsculo
e toda falta de espectativa e esperança
dos nossos menores dias.