ilusão renitente (ou "Poesia: Simbólica Masturbação Existencial")

 

 

 

como és doce e tão real em mim,

ó minha ilusão, dos sonhos construída!...

e como inebrias a realidade assim,

fazendo-me viver uma outra vida!...

 

ah! quem me dera te aportar em cais

seguro das tormentas que te desfazem

e, prendendo entre os meus dedos os "ais",

das amarguras e dos sofrimentos que flutuam

nos arredores dos caminhos que te trazem,

impedir que novos tormentos te destruam...

 

mas és tão vazia de se tocar

que te somes quanto mais te preciso

e quando novo momento vem marcar

as dobras do espaço no infinito,

só te lembro o doce e amargo sorriso,

mistura de sabor tão menos esquisito

que a dor que se passa em mim

sempre que te vejo chegar a novo fim...