A MULTIPLICIDADE SONORA DA ALMA

Na policromia da vida

eu sou mais polifônico

Escuto a sinfonia dos pássaros

o costurar do amanhecer dos galos

o coaxar crocante dos sapos

o violino desafinado dos mosquitos

e os gemidos nem sempre abafados

do casal vizinho do apartamento ao lado

Ouço vozes que veem do século passado

de pessoas que nem existem mais

mas das soadas e murmúrios que dali mais ouço

são as que têm o mesmo timbre sonoro dos meus pais

Olho ruídos

sinto os cheiros dos sussurros

e mastigo a vida como se fosse música

no apalpar tinido dos meus sentidos

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 11/02/2024
Reeditado em 11/02/2024
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