A MULTIPLICIDADE SONORA DA ALMA
Na policromia da vida
eu sou mais polifônico
Escuto a sinfonia dos pássaros
o costurar do amanhecer dos galos
o coaxar crocante dos sapos
o violino desafinado dos mosquitos
e os gemidos nem sempre abafados
do casal vizinho do apartamento ao lado
Ouço vozes que veem do século passado
de pessoas que nem existem mais
mas das soadas e murmúrios que dali mais ouço
são as que têm o mesmo timbre sonoro dos meus pais
Olho ruídos
sinto os cheiros dos sussurros
e mastigo a vida como se fosse música
no apalpar tinido dos meus sentidos