do vento
No crepúsculo, o vento se tece com as sombras,
uma dança de folhas e sussurros antigos,
onde a história se encontra com o instante,
e o instante é eterno, porém fugaz.
A moça que caminha, cabelos ao vento,
é cada mulher, é toda a mulher —
a mãe, a filha, a amante, a estranha,
cada passo uma era, cada olhar um universo.
O vento, arquiteto de destinos,
desenha no ar os mapas do porvir,
em cada esquina, em cada praça,
narrativas que se cruzam e se perdem.
A tarde, uma oferenda de luz e sombra,
recebe a todos: o jovem, o velho,
o sonhador, o perdido,
todos parte deste mosaico em movimento.
Observo, não como um estranho, mas como parte,
deste tecido que nos envolve, nos define,
onde cada fio é um destino, uma escolha,
um momento de ser, de estar, de se perder.
O vento, meu mestre e meu algoz,
ensina a liberdade dos que não temem o voo,
dos que se lançam ao desconhecido,
com a certeza de que tudo é transição.
Assim, dia após dia, nos reencontramos,
na luz, na sombra, na brisa que acaricia,
no sopro que revolve, na força que transforma.
Neste ciclo sem fim, aprendemos a ser rio,
a fluir, a nos encontrar na imensidão do mar,
onde todas as águas se misturam,
e, no encontro, descobrem sua unidade.
E ao final, é o amor que nos sustenta,
que nos eleva acima do efêmero,
que nos ensina a ser ponte, caminho, encontro,
a tecer, com os fios do vento,
a tapeçaria infinita de nossa existência.