CANTILENA DE UM ESCRITOR

Escrevo porque o tempo existe

e porque ele em mim ainda resiste

Escrevo porque me espanto

e me espantando me encanto

Escrevo para registrar o momento

nem que seja com a caligrafia do vento

Escrevo porque a vida não me é indiferente

e dela sou seu interminável discente

Escrevo porque sou subversivo

embora não possa mudar o mundo em que vivo

Escrevo com a inquietação cavadora dos dedos

e sem medo de descobrir em mim segredos

Escrevo porque busco sentido

no que sinto, percebo e existo

Escrevo porque me calo

e ao calar eu falo

Escrevo porque leio

e porque leio escrevo

Escrevo porque escrever é infinito

e talvez o infinito seja o que eu busque, admito

Escrevo porque escrevo

e escrever para mim é destino

e porque não sei fazer outra coisa

e se soubesse ia me sentar à mesa

e novamente escrever junto com meu menino

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 05/02/2024
Reeditado em 07/02/2024
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