Ruminar atrevido...

Acordei, ali olhando...

O sentimento, que me atrevia...

Vi minha mãe, que me adotou no amor de quem queria...

Cai no imenso peso, de um infortúnio que virou meu dilema...

Não reclamo, da criação...

Ela, minha mãe, tão maravilhosa...

Eu não queria ficar falando de experiências, a dor me consome...

A vitimização, é o que pensam...

E que se façam assim!

E que não saibam, que se uma vez não mudando a condenação mais vã, acusaram tudo no mais caído...

Tudo! No tão arisco!

E de tanto ligar, para aquela humilhação pública...

Os dezessete anos, que já tinham visto, algo mais que a própria idade...

E que de mal, me falam de liberdade, sempre corri por aqui...

Lembro de mim, bebê...

Aquela mocinha, que menina mais linda, gordinha, tomando a mamadeira sozinha...

Nunca reclamei...

Me recordo como se fosse hoje, meu irmão limpando a casa, fazendo almoço e me dando comida...

Eu mal sabia mastigar, e deveria ter talvez uns quatro aninhos...

Tarde, relativamente tarde, algumas coisas aprendi...

E que não me digam!

E que não se atrevam!

Eu não quero saber!

É muito pouco!

É pouco demais!

É o inferno, do tumultuar dessa beleza tola...

Dessa mais imprevisível, que arborizando para dentro de tudo, ruminou o mundo, mas não se imundou...

Mas, me encobri das teorias, dos estudos que sempre me empurrei em uma ânsia, como se o mundo fosse acabar a qualquer dia...

E cuspi, em tudo o que me parecia são!

E pela ausência, do que diriam não fazer falta...

E por se sentir, a mais soterrada...

Me disseram, que não e não...

E que nada, mais importava...

Porque, lembrar de quando tentaram me invadir, como se fosse uma propriedade a ser furtada...

Porque lembrar, de quando minha mãe, chamada de "macaca", se rendia ao que fosse mais desumano, para nos criar...

Eu não sei dizer, por tantas palavras, no todo, a dor que cansaram de gritar...

E nem me deram!

E nem me deram, das tripas ao nó...

Mas, se me remoeu o tanto pensar que pena...

O mais desatinado...

Se naquele dia, fui dormir soluçando, minha mente sempre tenta sublimar...

Que audácia mais atrevida, que no mistério já desatei tanta angústia...

E nunca!

E que jamais!

Compreenderam...

Abismaram...

Souberam...

Entraram, no mínimo do entreaberto...

Porque, tudo é lei escrita ou gritada...

Então, está aqui...

Aquele cavado, do buraco do que não sabem...

E nunca saberão...

Implantando, no sufocado...

Porque, naquele dia, na minha inocência da pouca idade, de vagabunda tantas vezes, fui chamada, sem compreender...

Porque, ainda hoje!

Se por hoje!

Se sem tempo!

Nessa selva, que me demonstram, eu não sei saber...

Sem atinos...

Me atolando, pelo cansaço não visível...

Me encobrindo, da maior distância entre a pronúncia da vida, e a vida impronunciável, eu não sei tudo o que poderia dizer...

Deixo aqui, o único que pude soltar...

Percebo assim, que de nada que me admira, de nada que me elucida, com toda a bagagem intelectual, só restou o que se quis...

Só restou, o penar maldito!

Nem sempre na voz do doido que grita, mas coagido nas brechas da vida sentida, não amada, quebrada e amarrotada de tudo o que me disseram, não viram, não sabem, mas delirando pelo vago, donos do fraco, no soberano pelo amargo...

Só preciso pulsar...

Gisele Maria
Enviado por Gisele Maria em 05/02/2024
Código do texto: T7992651
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