indícios
Ao arar os contornos da morada, a terra
Despida se entrega, sem anseios de outro limiar,
Sabido e sem contestação que a estrutura de nosso leito
Não sucumbe à ferrugem no repouso, pois tudo
Sob o vasto céu são movimentos
Estelares, condimentos paradoxais que sondam
E à parede conferem uma elegância que o sol anseia.
Neste mundo onde cada círculo já tem sua dançarina
Lançando-se em direção ao seu senhor, e tu, que por vezes
Circundaste o fogo e vociferaste nas brasas.
Teu hálito, mais indolente, inflama-se como se amasse
Ou tivesse visto do fundo de tua queda o brilho acetinado
De um céu sempre eterno e vivo.
Que o fio miraculoso se rompe e a esperança se fragmenta, tu sabes
E esse foi teu percurso, ainda que nos esconda sua boca suja leite,
Suas mãos entremeadas de pérolas.
E tu retornas a sorver a mesma água do poço, turva, com aroma
De areia e terra ressequida, e tu bebes, senão findarias.
E seu deleite te apresentava rio, fogo, feito, fogo, feito, e nada mais que
O amor, agora sombra, envolve, mas dissolve mesmo ainda esteja presente
Suas cicatrizes mais profundas, porque essas são as marcas
Que estivesse longe, em outra vida que está nessa,
Mas poucos a bebem porque seu gole é ardido e não cura tua doença,
Talvez a piore, pois saberá que teu ventre soube o paraíso
Antes de tua morte, deitas-te na cama de cedro, olhe o teto com
compaixão e derrame sua colheita nos pensamentos mais absortos,
abraças a ti mesmo e tocas nada, exceto o espaço onde uma festa ocorreu.