do poema e da ninfa e (não pode sair e nem quer ficar)
Num mundo desprovido de lembranças, o brilho se ausenta ao metal,
Possível ouro, ou o encanto embotado,
Extraindo do veio de cada folha o caminho da seiva,
Dessa linfa faz um néctar, que desliza pelo canto da boca.
Vivo, a consciência arde,
Estremecendo sob o céu, a terra o segura pela gola do colete,
O palato de suas mãos já não é mais o céu,
Mas tempo que se inclina sobre cada pensamento.
Nada existe, além de um reino a ser revitalizado,
O cedro como cetro que desfaz qualquer dúvida.
Sobre as nuvens, o azul das coisas é ainda mais profundo,
Fora do alcance dos olhos, após tantas voltas.
Num mesmo velocípede, a corda busca a vida desejada,
Mas o nó de Górdia o interrompe diante da correnteza,
A vida o faz esquivar-se, pedra, terra, árvore,
Poucos frutos, e os pássaros, excentricamente ausente o colorido prometido.
E da terra, a lembrança invaginada na lenha,
Morreram tantos, sem saber que o continente
Inteiro estava tomado pela morte, sem trono, fogo, só o sortilégio
Estendendo suas patas, enquanto olhos apavorados observam.
De outra maneira, eu, tu, homens sombrios,
A própria sombra como homem a gemer o germe,
Teimava em não nascer porque ao redor do fogo,
Apenas o fogo saberia o signo, o símbolo que traria
De longe os múltiplos caminhos que acenderiam
Nosso candelabro. Há pedaços de carne e ossos flutuando
No sereno, olhos perturbados que queimam artérias,
Onde apenas a bebida vital é encontrada, e por ela sabemos do ar.
Do oxigênio que bate nossas asas, permitindo-nos saber
Desse lado do muro. Pousar do lado onde o horror
Ainda não floresceu. Mulher tão generosa quanto impura,
Tão simples quanto trágica, rodopia mostrando a mesma estrada.
Entre dias estivais, uma lasca de febre fervendo,
Contando na pele e na memória das nascentes do rio.
Agora, a pedra rola sobre sua fonte, fazemos guarda
Para saciar ao menos a sede mais imediata.
Embora não provemos fruto da última colheita. Tu sabes,
És musa, e sabes que não basta a dor para a pena mover-se,
Nem mesmo a vontade. É necessário que queiras nascer quando escrevo,
Que queiras, pelo amor, assimilar um pouco desse mundo.
Dessa cilada que, sem tua morada, é apenas um sólido que não derrama,
Não derrete, e nos movemos para ser vento ou a coisa que ele empurra.
Estar vivo não basta, pulmão, pernas e coração
Que limpam o chão após cada espetáculo.