As estações da alma

 

 

 

 

Nesse cansativo caminho, loucas conclusões haverão de surgir.

Poucos fiapos de nuvens soltos pelos céus, ventos soprados,

é quando elas desfilam, lindas, vão se juntando... 

juntando... deixam os meus olhos marejados.

 

Tenho a impressão,

talvez se chovesse eu sentisse um pouco de alegria, antes de partir.

Nos olhos, guardo um sonho que não faz sentido, deixo fluir.

 

Um pensamento repentinamente, torna um semblante triste,

o tempo se fecha, antes o sonho era só um arco-íris

semi-apagado, iluminado pelo seu ser.

 

Nuvens escurecidas, derramam os pingos de chuva, bem

devagarzinho, e que vão apagando a poeira da rua, reascendendo

uma sombra de esperança, abrindo o meu sorriso,

penso em você.

 

Volto à realidade, ouço o que não precisava ouvir.

Outro pensamento chega; feito um insistente e

desejado canto, das noites de lua.

Eles gritam, gritam, por certo nenhum de verdade, sente.

 

Ao longe voa a alma que não lhes dá ouvidos.

_ Um diz; _Vai chover!

Grita um sapo, enquanto o outro responde...

_Tomara que não chova. Um outro suspira mais adiante;

_Tanto faz, nada faz sarar o meu pranto,

àquele lá, resmunga sem parar, e como eu,

ele sofre e se esconde.

 

É a vida,

esse rio sem freios, que escorre, tomando ou não o seu sentido.

Abro os meus olhos e ouvidos, gosto de ver os frutos brotando,

a falta de ânimo vai insistindo... são as lembranças me castigando.

 

Viver é um eterno perigo, 

sem querer a gente morre, relutando.

Ter para onde ir,

já não me traz tanta vontade, vou... ou não vou?

Para ser triste pode ser em qualquer lugar, tanto faz,

fico aonde estou.

 

Não quero vencer os meus tantos medos! Deles já nem sei,

e a chuva... que veio e logo cessou, só a saudade não passa,

desalento ao despertar! Que em nada vejo graça.

 

Repetirei.

Tudo passa, tudo passa.

 

Um dia pelo menos por um instante, fui à estação de um mundo

bonito, não me engano, lá eu fui tão feliz!

Esse lugar era dentro de você.

 

Embora todo ser seja um desconhecido, amei, amo a sua alma,

meu amor, único e querido.

A minha antiga tristeza, pelos caminhos deixei, bate à consciência

agora e diz baixinho a tristeza;

_ Olhe, eu voltei!

 

O desejo é dose de veneno lento, é essa sensação de distância

que aguça a desilusão, na ausência, as incertezas voam sem ideais,

e sob o solo rachado, as plantas esturricadas, sem ventos.

 

A pouca brisa da madrugada,

faz evaporar a minha essência, levando os sonhos.

Com os pés em brasas, alvoroço na mente e num coração

que sabe que ama, mas o nosso amor,

ficou aos poucos para trás...

 

Os pensamentos meus, voam no nada, que não é um nada,

vagueiam... vagueiam,

não é em busca de chuva, nem de calmaria,

é uma luta desigual, por um amor intenso, que se foi sem jeito.

É essa a troca da realidade, por poesia. Tornei-me

a estação mais triste, da nostalgia.

 

Hoje a paixão pela chuva, a loucura por um céu nublado,

ajuda, mas não completa. Fechar os olhos com os ventos,

a alma sem forças, já não voa!

Ou se voa, vai imaginando uma felicidade plena,

que será sempre uma falsa ilusão disfarçada,

viver sem você, é viver à toa.

 

Os pingos da chuva voltam, e respingam em meu rosto,

uma nova sensação, cada pingo é um sonho que se perdeu,

e retornando querem me dizer que dias melhores virão...

De minha parte, juro que não acredito,

quem sou eu?

 

Olho outra vez para o céu e penso; Ah meus sonhos de amor

onde estarão? Perderam-se pelo infinito.

 

O tempo seco, cansa as minhas buscas, enfada os olhos meus,

com nitidez enxergo os espinhos pontiagudos, a me ferir

apontando o futuro, no sertão do meu existir qual estações.

 

Estações da alma,

que um dia foi de flores e de lua inebriante,

agora de sol, de seca, de folhas se perdendo, estação que faz doer

feito a dor que causa a saudade, dum amor distante.

 

As flores se foram, quanto ao meu jardim,

um tempo desses 

veio forte uma tempestade e todo o verde dele, arrastou...

Com ele morreram flores que ainda estavam nascendo.

 

Levou pássaros livres, ainda cantando,

arrastou as minhas lindas borboletas

voando!

Deixou somente, os cactos, a poeira das folhas secas, 

os desejos mortos de uma vida que quase

não vai mais pulsando. 

 

A vida é feito um fecho de lenha, sem sementes se derramando,

o caminho da melancolia é fogo crescente,

com cinzas soltas pelo ar, amor sem saída,

tenta reascender, e o desgosto vai queimando

queimando...

 

A alma perde todas as fantasias, a esperança vai se consumindo,

a tristeza é um caminho só de ida, sem insistir em nada,

fogo devastador, incêndio triste da paixão, definhando.

 

 

Liduina do Nascimento

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Enviado por Liduina do Nascimento em 29/01/2024
Reeditado em 12/02/2024
Código do texto: T7987512
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