Autoconhecimento

De sorriso estático

E uma voz parada no tempo

Tenho a timidez de nascença

É um atraso que me alcança

Na linha oblíqua da vida

Nascido após o tempo e sem pressa

Carrego comigo uma teima

Tipicamente interiorana

De gente que insiste

Na plenitude do ínfimo

Tenho mania de gratidão

Acima das outras manias

Ao entardecer quando o sol enrubesce

As luzes em tom mercúrio na rua

Se apresentam pra lua

Faço uma prece

No firmamento alcanço a plenitude que tanto busco

Sob um céu lusco-fusco

Aprecio a brisa leve que desce

Tenho intimidade com o crepúsculo

Outra mania que não se aparta

Respeito a passagem do tempo

Como criança que vê pela primeira vez

Um catavento

Sei da importância do movimento

Do vento

Quando o sol vai embora

Ah, estas horas

Tal qual o encontro das águas translúcidas

Tão lúcidas a descer pelo rio da vida

Banho-me na fonte das horas

E a lua testemunha o encanto

Passa o tempo, no entanto

Só não passa este momento

De autoconhecimento.

DestinoPoesia
Enviado por DestinoPoesia em 29/01/2024
Código do texto: T7987197
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