poema de hoje 2

Quando a chuva pintando meus cactos

e eu recolhendo sonetos antigos de vozes antigas

incerto de qual palavra usar para arrebentar

a corda no pescoço e na língua

a saliva escorrega as sílabas como a chuva escorrega a parede

como o limo desgruda da telha

falando em deslize, repara bem

que quando as costas doem

tu troca e destroca e se inquieta na posição

na largura da cama

na metade da cadeira

se arrasta como pode e como cabe

como letra por letra na ponta dos meus dedos.

Amanda Queiroz
Enviado por Amanda Queiroz em 28/01/2024
Reeditado em 28/01/2024
Código do texto: T7986982
Classificação de conteúdo: seguro