Meu primeiro amor
Era uma manhã de julho
E o céu metálico brilhava
Nuvens de silêncio
Vivíamos o ápice da estação
Acumulávamos moletom
Éramos pequenos na idade
Seres curiosos
E sem qualquer filtro
Tudo se resumia ao momento presente
E isto bastava para aquela geração
De repente nos tornamos
fazedores de sonhos
Era sempre após o entardecer
Raios de sol sem trovões
Um chuvisco de sol era o bastante
Acordava, escovava os dentes
Banho e mais moletom
Naquele dia o reflexo de sol despertou-me
Um bocejo demorado
Acompanhado de um som anímico e preguiçoso
Em minhas cordas vocais
Próximo à janela do quarto
um cantarolar de pássaros
Reclamando espaço
O sol ia embora em fração de segundos
Naquele inverno
Vivíamos o ápice da estação
Bochechas avermelhadas
E mãos tão frias apesar das luvas
Olhos espertos e bem despertos
Éramos feitos de sonhos
E sem qualquer filtro
Quando ela surgiu
no portão da escola
E acenou em minha direção
Não sabia ainda...
Mas naquela manhã eu sorri diferente.