SOBRE AQUELE CIDADÃO DE BEM

Na pele de puro, cristão se veste, a mostrar pureza,

E sob o manto alvo, a vaidade infesta, oculta, fere.

O frio sorriso, qual bruma enganosa, dissimula o ser,

E o ar soberbo, a esconder seu féu, dissimula o querer.

Tem rosários entre os dedos, mas olhos prontos a julgar,

Desfila altivo em seu palco, sem aos outros importar.

A indiferença é seu manto, sua crueldade é bastão,

Arrogância é sua coroa, na avareza seu brasão.

Guarda no olhar a mesquinhez, vileza que medra e cresce,

E se perfuma, é podre, em essência é composto de merda.

Falta-lhe humildade, como um banho que sempre se adia,

Em falsidade, diz seguir Cristo e a Bolsonaro se alia.

Perfuma-se em vão, pois de virtudes mostra-se deserto,

Sua essência oculta, seu coração não se mostra aberto,

Falta gesto sincero, espelho da vida o reflexo projeta.

Vale mais o amor sincero, que a prece vã que o gesto afeta.

Avareza em mãos cerradas, nunca se abrindo ao irmão,

Diz-se nobre e justo, mas despreza o pobre à mão,

Manto religioso traja, mas vazio está o coração,

Um vaso sem brilho, fé falsaria e sem paixão.

27.01.2024