A Procura
É tempo de eleição e a busca vai começar,
O candidato sai à procura na certeza de encontrar.
Começa pela favela um reduto conhecido,
Pois sabe que ali está, o seu voto garantido.
E pede ao favelado, mais um voto de confiança,
Que se ele for eleito, ali haverá mudança.
Promete o asfalto, mais escola e segurança,
Um centro hospitalar e creche para criança.
O esgoto a céu aberto será coisa do passado,
Será tudo bem tratado, antes de ser despejado,
No riozinho que corre sem vida, bem ali, do seu lado.
Na maioria das vezes, o credor, de novo é enganado.
A peregrinação continua em busca do perseguido,
E o candidato come de tudo que lhe é oferecido.
A ânsia está na garganta, mas ele finge gostar,
Daquele pastel de feira, do cafezinho de bar.
Disfarçando, vai ao banheiro; vontade de vomitar,
Se livrar das iguarias e daquele mal estar.
Pede forças ao senhor, pra que possa suportar,
Abraços, e apertos de mão, nas ruas onde passar.
Vai gastando sem medida, o que tem para gastar,
Santinhos, faixa e outras coisas que não se pode falar.
Mas são coisas garantidas, ele pode até optar,
Se alguém quer vender o voto, tem dinheiro pra comprar.
E a busca segue adiante, vão de ônibus e de trem,
Alguns têm até avião, pra ir muito mais além.
Pouco a pouco o pobre vê o quanto é enganado,
E o pobre, já escolado, finge ter acreditado.