Lavandeira

andava eu onde

os andarilhos tiram

suas máscaras, onde

largamos o esconderijo

e a céu aberto sabemos

árvore celestial que

pôs seus ramos sobre

o asfalto, o mito que

deu nome as coisas,

então, a pedra é mar,

sombra, jorro de estrelas

a comungar seus voos

ao chão de terra, anos

luz se esfacela no celeiro

dos pensamentos, e o rosto

da mais bela senhora, com

os olhos mais lindos que

conheci me faz lembrar

das descidas até a praça

da lavadeira que se consumia

para o pão da vida, do seu

colo que balançava uma vida

que mal vingava, sou raiz

e perfurar a terra ao encontro

de si mesmo, a folha verde

a madura que tem medo

do vento, santo não sou

nem tanto quem o menino

matou, mas tenho em

mim a vida dos abismo

dos cofres fechados das

ruas sem saída, também a

vida que canta, dança, morre

pra viver enquanto aquela

senhora nada no rio arisco

que teima, diante das montanhas

a procurar o mar