O Recomeço e a Liberdade de Lázaro
São tantas dores, tantas feridas escorrendo pelos dedos,
Bombardeios de chorumes de humilhações e sentimentos
Que na vasta vida pulsava forte.
A existência agora é cinza de antigas ilusões numa tumba fria.
Estou na casa das vidas anoitecidas, perdidas,
Cemitério que endurece toda a constelação de desejos.
Sou um homem de ego dilacerado, perdido entre as obrigações
Sociais que decretaram a falência múltipla dos órgãos...
O intestino foi corroído por pães mofados em egoísmo.
Os olhos foram carcomidos por paisagens mornas.
A boca foi tapada por ideias calcadas em mentiras.
Mas quando coloquei a mão no pus de minhas feridas,
Veio à esperança de um começo, à volta para um lugar que existe vida.
Apesar do mundo contingente que quebra as ondas de animo,
Mesmo diante dos obstáculos que impõem duras lições,
Eu vou decretar a minha liberdade, refazer o devir da existência.
E por cima das pressões políticas, familiares e sociais,
Vou projetar outro futuro, nada vai tirar o sabor da liberdade.
Eu sou Lázaro e vou recomeçar em minhas lutas e engajamentos.
Apesar das farpas no crânio, das vestes sujas e costelas quebradas,
Vou aperfeiçoar a mira rumo ao sol, colher searas de outras vivencias.