O Recomeço e a Liberdade de Lázaro

São tantas dores, tantas feridas escorrendo pelos dedos,

Bombardeios de chorumes de humilhações e sentimentos

Que na vasta vida pulsava forte.

A existência agora é cinza de antigas ilusões numa tumba fria.

Estou na casa das vidas anoitecidas, perdidas,

Cemitério que endurece toda a constelação de desejos.

Sou um homem de ego dilacerado, perdido entre as obrigações

Sociais que decretaram a falência múltipla dos órgãos...

O intestino foi corroído por pães mofados em egoísmo.

Os olhos foram carcomidos por paisagens mornas.

A boca foi tapada por ideias calcadas em mentiras.

Mas quando coloquei a mão no pus de minhas feridas,

Veio à esperança de um começo, à volta para um lugar que existe vida.

Apesar do mundo contingente que quebra as ondas de animo,

Mesmo diante dos obstáculos que impõem duras lições,

Eu vou decretar a minha liberdade, refazer o devir da existência.

E por cima das pressões políticas, familiares e sociais,

Vou projetar outro futuro, nada vai tirar o sabor da liberdade.

Eu sou Lázaro e vou recomeçar em minhas lutas e engajamentos.

Apesar das farpas no crânio, das vestes sujas e costelas quebradas,

Vou aperfeiçoar a mira rumo ao sol, colher searas de outras vivencias.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 26/01/2024
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