retorno
Em delírio coletivo, noites bordadas de encanto,
Pernas exaustas, corpo suspenso em transe.
A espera metamorfoseia a fadiga, nos impulsiona
Ao voo onírico ou à doce carícia das pedras.
Fragmentos se dissolvem na vertigem do silêncio,
Horas extenuadas, minutos dançando no herético delírio.
Quietude é anseio desgovernado, maré de areia,
Caos entranhado nas coisas. O interno se exterioriza
e embaça os olhos e as palavras de quem ignora
que esta vida é uma queda sem motivação aparente.
O arejamento desgastado, diariamente, seria agonia,
encapsulado em frases que já não pulsam vibrantes.
Vontade de não ser, mas ser outro, de maneira diversa,
conhecedora das montanhas, sentindo seu peso, sua matéria.
Sol tece narrativas cósmicas, interjeições, memórias feito fumaça,
Despojos de eventos, acordes dissonantes de uma vida,
Aventura e desencanto entrelaçados, onde a utopia
era apenas a mais bela forma de engano.
Sombra, solenidade, delírios ecoando.
Céu azul, mistura de consciência entortada,
Eternidade, que ela seja uma ilusão delicadamente entrançada
nas ruas desta cidade que, apesar do amor, se empobrece
com sua jangada de pedra, dedos apontando-nos para o real.
Dança silenciosa, nervura do tempo, mistério sutil,
preparando o terreno para o parto, o verdadeiro renascimento.
E fique tranquila se um suspiro de alívio se libertar pela garganta,
Apenas assim, a essência será completa, desvairada,
As mágoas queimando na esteira de um devaneio. Apenas
não podemos renunciar aos nomes que nos foram dados.