Oração ao Outro
Contra quem ousar amar
Meu sangue e minha cruz
Enterrarei a sete palmos no olhar
Incinerados pela minha luz
Será que vão suportar?
Será que tem algum valor?
E queira bem o seu lugar
Sem escutar a voz interior
Dê as mãos ao fim da rua
Alugue o ventre para lua
Dê o pé como recompensa
Doe a mente para quem pensa
Dê a chave para o primeiro
Venda a alma ao coveiro
Faça o bem e tire boa nota
Morra como um bom idiota
Faça tudo aquilo o que quiser
Viva feito um tolo qualquer
Faça algo novo e talvez diferente
Venda a alma ao tenente
Contra quem vier entender
Minha alma e meu destino
Enterrarei nas trevas do anoitecer
Alvejados pelo arco do meu signo
Será que vão aprender?
Será que valerá a dor?
E queira mal todo esse poder
Mas é o que diz a voz interior
Dê o braço ao bom tubarão
Negue água ao seu irmão
Dê a perna ao velho lobo
Cuspa veneno na cara do bobo
Dê a porta para o opressor
Venda a alma para um ditador
Faça o mal como qualquer um
Seja mais um imbecil comum
Faça nada daquilo que queria
Reze para perder medo do dia
Faça tudo como o diabo diz
Venda a alma para ser feliz