Dedos
Eu escrevo na ponta dos dedos
A pena não mais pertence a este plano
Mesmo que, em alma e espírito
A pena está mais perto do que me é pleno
Quando me escondo dos meus pensares
Também deixo de ser, e por isso os dedos escorrem
Invertebrados, eles provocam com palavras que não são suas
Através de desejos que lhe são imputados
Não seria melhor amputá-los antes de corroer-se com o tique-taque do virtual?
Ao menos a alma da pena é leve, plena
Os dedos se deixam levar, espúrios, inquietos, vilipendiosos, em sua aclamação por cliques
Mas quem saberia se o dizer da pena funcionaria sem os dedos?
Porém a alma, tão mais sincera com a pena,
Reverbera seu espírito de forma plena
Usa os dedos sem corroer suas unhas
E ouve aclamações longe das claques do que não é bem-vindo