Dedos

Eu escrevo na ponta dos dedos

A pena não mais pertence a este plano

Mesmo que, em alma e espírito

A pena está mais perto do que me é pleno

Quando me escondo dos meus pensares

Também deixo de ser, e por isso os dedos escorrem

Invertebrados, eles provocam com palavras que não são suas

Através de desejos que lhe são imputados

Não seria melhor amputá-los antes de corroer-se com o tique-taque do virtual?

Ao menos a alma da pena é leve, plena

Os dedos se deixam levar, espúrios, inquietos, vilipendiosos, em sua aclamação por cliques

Mas quem saberia se o dizer da pena funcionaria sem os dedos?

Porém a alma, tão mais sincera com a pena,

Reverbera seu espírito de forma plena

Usa os dedos sem corroer suas unhas

E ouve aclamações longe das claques do que não é bem-vindo

Wade
Enviado por Wade em 19/01/2024
Código do texto: T7980350
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