não como as bromélias
No piso mais baixo, onde o peso
Grita seu lamento, o assoalho está feito, aquele
Que o suporta; nada entra, nada sai. Nas profundezas,
O abismo sem nome, o frenesi interrompido,
A festa encurralada e as lembranças feitas
Como jaula, como cadeia fechada. O
Perfume não exala, imensa parede de imagens,
Aquilo que guarda, o retrato que já não serve. A atmosfera
Que seria efêmera, o penteado malfeito, a palavra
Embalada com a cova da raiva.
Lá em cima, os terrenos já conhecidos, os cataclismos já
catalogados, os monstros que já escaparam.
E essa vontade de amar, não tão secreta,
Mas inabalável, o bar da adolescência, o beijo conquistado,
Os carinhos roubados, o sexo mais prolixo e aquele contido
Onde o amor era ciente de que pouco tempero já temperava
O prato. O escuro inesperado e o esperado que já foi lembrado,
Tragado, defumado pelo fogo inebriante da realidade.
As portas do espírito estão abertas, outras arrombadas.
Lembra da Gabriela? Amar Ali foi um ato desgraçado,
mas amei leve e gratinado. Mas alguns amores no tempo
Se faz assombrado, acabou, nunca acaba. O amor antigo
Cresce no abismo, como planta que sobe pelas paredes,
nas entranhas das pedras. Amor antigo nos parece o dono
do pedaço, apego desgraçado e todo tipo
De alambrado. Mesmo assim, deles extraímos versos
que são belos no Seu canto, mas uma tragédia que nos suga,
nos lembram, mas não são como as bromélias.