Prece do absurdo.
Ó Deus, tu que conhece cada fibra do meu ser, quanto mais corro de ti, mais tu se aproxima de mim com os teus dedos angelicais, tua ternura é um fato. Ó Deus, eu te imagino sendo um bebê conhecendo cada canto da minha casa com novidade, te imagino como um arquiteto que se costura na minha história vil diante desse universo imenso, nenhuma edificação é impossível com tua mente de criador.
Mas Deus, estou em um conflito metafísico, as pessoas na rua não sabem a dança que explode dentro de mim. Minha alma transforma-se em uma bomba, disparando vidros em minha pele.
Me sinto vazio, sem propósito, à beira do ser que fui e tenho medo de navegar novamente dentro de mim. Ajude-me a ter mais carinho comigo mesmo, sou um estrangeiro a mim mesmo, como diria Albert Camus. Entre o sim e o não do absurdo da vida!
Me sinto como Jacó na luta que travastes com aquele "outro", anjo ou homem, não importa. Algo está lutando dentro de mim e me lança a seguinte pergunta: Quem é você?
Eu, bobo, digo o meu nome. O anjo insiste: Quem é você?
Dou algumas definições vagas, ele responde: Isso é passado!
Não suporto as perguntas, sou um filósofo por acaso, então me disperso no vazio para não obter as respostas.
Ó Deus, por que me dá esse conflito?
Ele responde ao som dos grilos e dos motoristas dos automóveis na avenida.
Quem sou eu? Vivo a resposta até o último dia da minha vida.