CHUVA NO MEIO DO CAMINHO
Eu sinto tanto e assumo
Dificultando um resumo
Poucas palavras pra quem
Dispensa o óbvio, inveja o dom,
Sentencialmente sente demais.
Pensando nisso, confundo
Minha própria cabeça
Com essa de deixar estar.
Não tenho condições concretas e
Pra ser sincero sequer pretenções
De te dar o mundo material
Honestamente tais desconfortos
Não me atraem, meu bem.
Tenho-te apreço e considerações
Quero outro estado de satisfações
A vida é breve pra comprar em vezes
Morrer pagando prestações
Te proporcionar espasmos
Num mar imenso de sensações
Propiciar momentos quando eles
Nem sempre parecem caber
O que não invalida o fato de merecer
Cruzar a linha, acostumar a acontecer
Ceder espaço quando um abraço
For calar soluços trazendo solução.
Nem sempre é palavra, tem dias
Que só a presença afina o tom.
Em silêncio aprendi contigo
Que na quietude também é bom.
A vida é feito uma estação de metrô
Todos as chegadas e partidas
Servem de decoração pro coração
Aliviar anseios e depois bagunçar
Não desistir, seguir, tentar e eu
Vou deixar guardando pra ti um lugar
Ainda que insinue outros objetivos
Tomada por tais princípios
Cada plano um novo lar.
E assim seguimos sem rumo
Deixando que o tempo assuma
A qualidade de nos manter aqui
Próximos desse sentir suave
Diante disso, não há empecilhos,
Desfazer vínculos, sair dos trilhos
São só estímulos, sem dissimulações
Reina o riso num coração indeciso
Espalhando vestígios pra justificar
A iludida pureza das próprias intenções.