lodo e a pedra

Entre o lodo e a pedra, a incerteza

A mão destemida fenecendo aberta ao alvorecer,

A parede de luzes que não cega apenas os olhos noturnos,

Mas toda a farsa da rua em esforço.

Despertamos cedo, o dia estendido sobre o prado não murmura sobre a

Indolência que a aridez impõe, a clareira mais

Permanente não emerge, pois sob o fulgor, a sombra é a matéria

Mais bruta, é nela que, ao longo das horas, afundam-se nossos pés.

É nela que os signos ardem e o arranjo rege para o sentido;

Os pássaros voam, o azul intenso do

Céu é profundo onde a beleza celeste se destaca, no solo, meninas

E meninos não saberão a hora em que outro passo será necessário.

Simplesmente, a terra se exaure, as palavras já não dizem

E o cansaço usurpa o prazer e o faz escravo, e a memória vasculha

O caldo escuro dos anos, e houve quedas, e houve tombos,

E houve espanto, cadafalsos e tremores dos planos.

Então, com os olhos para além da água barrenta, vimos o estalo de um mito se

Transformando em brasas, fogo, alquimia para novas travessias para a mesma

Montanha imaginada como morada.

E tu dançaste sobre a relva incandescente, e a lava de ouro moldou teus passos e percorreu extrema

A languidez de teus movimentos, a terra beijou o mar e um carnaval

Sublime se abriu de dentro das coisas, pois tudo era feito do mesmo

Alfabeto, tudo era signo derramando seu gozo nas folhas do coração.

E a criança chorou, as mãos estendidas já apontavam que o céu não era

Um lugar, mas o desejo de amor que queima nas artérias da vida.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 18/01/2024
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