caminho da beleza
Os passos são as pernas, falando a língua
Do espaço, rosas, o caminho retorcido do crescer,
O rastro no espaço onde a flor fará sua morada.
Comove saber que a terra fez do parto sua beleza,
E filhos deram riso abaixo do céu; breve era o
Caminho, mas teve vinho, café, a ternura de
Suas mãos a preparar o biscoito, a derramar o
Café na xícara de louça com desenhos tão lindos.
A memória não guarda seus olhos, mas seu olhar,
Lago fotogênico onde seu passado boiava como
Uma criança brincando, e eu a amava tanto, saber
Dela viva, e seu sorriso era uma abertura onde meu
Labirinto tremia e vacilava; eu era nas cordas trêmulas.
Era eu na insegura onda, uma desinência improvável,
Que somente a poesia pode provar, mas não dizer,
Porque tudo aquilo era incriado mesmo que me
Turvasse o ventre e me molhasse a lembrança; era
Fora, do lado de fora, na ausência que pretérito fez
Presente, e eu amava o que não foi criado, imaginação.
Quem sabe, só coração com treva viscosa poderia responder,
Mas ele não delata seus amados, seus amores são guardados
Como se guarda aquilo que nos foi grato; ser amado é
A gratidão sendo curtida, depois, a saudade e a tentativa
De refazer a trilha, colher o trevo, à margem do rio,
A flor pequenina à beira do abismo da vida, e a gente
A sentir que mesmo que acabe tudo, valeu a pena.