SANTUÁRIO PAGÃO

 

Quando inteira de despes à minha gula insana
E entras em nosso quarto qual deusa soberana

Vejo-te qual num sonho: teus palpitantes seios,
Trêmulos, entregues à febre dos meus anseios;

E quais pequenos morros alteiando-se tranquilos
Os teus negros e sensuais e lúbricos mamilos;

E os teus curvos quadris e as tuas ancas e as ondas
De tuas nádegas polpudas e cheias e redondas;

E tuas pernas de quem a pólio num mau dia
Quis roubar a beleza, mas a impediu a Poesia;

E o pássaro fulvo cujas asas de veludo
Estendem-se, sinuosas, por sobre o teu ventre;

Quando inteira de despes à minha gula - tudo
É um irresistível convite do amor pra que eu entre

No santuário pagão de teu corpo e, após, na ara
Da paixão renda preito à tua beleza rara;

E, crente humilde, te exalte o porte sensual
Entoando louvores à Beleza Imortal!

 

Muaná, Pará, Brasil, 27 de outubro de 2010.

Composto por Daniel Jônatas M. Queirós Mauá Jr.
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Contrafactum do poema "TEMPLO PAGÃO", de J. G. de Araújo Jorge.