quando tudo pára

Quando o vulcão se imobiliza, um pássaro

Cessa seu canto, a rua despe-se de sua embocadura

musical, e os terrenos não se desdobram como

o tapete onde as sementes sutilmente se insinuam para a vida.

Os dormentes dos trens não anseiam

por sustentar a força que harmoniza com a terra,

e nem a moça bela reflete o sorriso do rapaz bonito.

A alvura das nuvens não alcança nossos olhos,

e nem o ritual diante da mesa consagra o almoço.

Mastigamos como quem mastiga o tempo enfadonho e

Lavamos a roupa, já marcada no tecido, indiferente

à borboleta de pernas alvas, que não responde ao chamado de nossa

voz terrena. Derramamo-nos sobre o que resta

das coisas, uma variedade sem nome de objetos inertes, mas

que é por onde nos perguntamos onde o óculos foi esquecido.

Percorremos a casa, o rosto da amada nos surpreende e

assusta, foi minha imperícia ou dela que ainda emana.

Somos tão mortais que o susto nos humaniza, amamos à força,

ou na incisão do médico insatisfeito. Olhamos pela janela, todas

as árvores sem um balanço, a memória nada pode, e o futuro

ainda vacila. Viramos a taça, um gole de vinho, e aguardamos

que a vida nos revele sua boca.