o tédio que não compraz
Assim como o redondo não se prende à esfera, mas a esfera
Que se confina ao redondo, não disfarço o que desejo ocultar
Mas sim o que outros almejam desvendar, não anseio impressionar
Para capturar sua atenção, mas é ao conquistar sua atenção
Que experimento a impressão, não me afasto em busca de tranquilidade, mas é a tranquilidade
Que me distancia das coisas, por isso não caminho para chegar,
Estou mais para o movimento ou para escapar de um lugar, porque
Tudo envelhece e o tédio é o indicativo do que já foi superado, o bairro,
Os amigos, lembras deles, nada os retiraria de nossa mesa, mas a verdade
É que existimos sem existir, pois quando parto para uma cidade próxima, levo
Uma comitiva que o tempo vai despojando, e encontramos
Novos nomes que atravessam nossas mentes e lançam raízes em nosso padecer,
Não nascemos para o vazio, mas nada deste mundo nos preenche
Sem um caminho, a vida é efêmera e a vida estagnada não se descreve,
Pois dessa água estagnada, nem peixes, nem oxigênio, apenas os vestígios
De algo que fez dessa água sua morada, não nascemos com pernas
Por acaso, assim como a dúvida ou a pergunta, estas frescas, inquietas e nossa
Vontade ainda acorrentada, tão logo o efêmero se apoia, a pergunta que
Não se resigna aonde posso novamente ser fugaz, pois o lugar para onde
Me dirijo logo se impregna de tédio e não mais me compraz