Aranhol

De quando eu estive jovem

Perdido no aranhol

De quando eu pensei em ti

Sonhos que crescem ocupam

Constroem e descem derrubam

Da pele em que te habito

Te amo em espanhol

Falou Manoel de Barros

Ruínas desconstruídas

Que plantam e brotam e sobem

Que surgem, que brilham e somem

Assim o mistério da vida

Imagine o terror do tempo

mercadoria, moeda

de pedaços escorridos,

calado bem dentro bendito

comida, commoditie, queda

Imagine então ser Deus

e não ter pra quem pedir

Pra quem chorar quando doer

Pra quem sorrir quando nascer

Pra quem dar tchau quando partir

Imagine te querer ser o outro

Ter sempre em mim um amigo

Imaturo querendo calado

Do Ícaro que desce alado

Cego caindo castigo

Pensei rimando teu nome

De doçuras bem tremendas

E belezas muito aflitas

Aquelas Bahias Brasis

vestidos vários pavões

Volúpias explosões bonitas

Em ti nascendo nações

Dos vôos sem passaportes

Teus olhos brilham brasões

Mulheres e Cajuínas

Destinos dados sem sorte

Tudo muito antropofágico

I Love you em inglês

O sabor antropológico

Aquele seu nordestinês

Como era gostoso, nostálgico

De lá do seu ijexá

Cinema bem novo e mágico

Só sei "oui" em francês