Um poema que sente
Pedinte de tudo o quanto
Não posso obter
Ainda espero paciente
O dia em que as comportas do céu
Se abrirão derramando em meu ser
Toda espécie de alegria, contentar
longe à dor - estirpes de felicidade
Que nunca em vida vivi.
Algo me arranca à força da órbita do contentar, caso meus anseios à forca
E os retiro forçosamente
Do local onde deveriam executados serem.
Há uma corda em meu pescoço
Que se aperta mais e mais cada dia...
Há um gosto acre em minha língua
Que se assemelha a coisa alguma
Há um timbre fraco que ressoa -
Voz terrível e mansa inquietando
Meu coração.
Sem nada em mãos
Chego aos portões celestes
Reinvidicando minha parte do paraíso
De lá expulsa sou
Alegam os santos e os deuses
Que matei muitas flores
Que renunciei minhas dores
E não vivi o tempo que deveria
Apenas a remoer resquícios de passado
Lamentando o presente
Temendo o por vir;
Mas então não é isto ensaio para a eternidade vil?
Luta incessante contra o maior inimigo
Senhor de muitas armas e litanias:
O meu eu.
Um poço profundo e obscuro
Espera minha alma
E uma pausa drástica
Assombra intuitos que não cumprira
Mas ainda hei de esperar
Os dias em que meu corpo e alma
Não trairão ao que devo ter e ser.
Então se derramará
Dos céus uma chuva
Contendo tudo o que preciso para ser feliz, encharcando meu corpo
Inundando-me
Enternecidamente
Levará ao repouso e ao prazer
Esta mortal que vos tristemente fala.