Um poema que sente

Pedinte de tudo o quanto

Não posso obter

Ainda espero paciente

O dia em que as comportas do céu

Se abrirão derramando em meu ser

Toda espécie de alegria, contentar

longe à dor - estirpes de felicidade

Que nunca em vida vivi.

Algo me arranca à força da órbita do contentar, caso meus anseios à forca

E os retiro forçosamente

Do local onde deveriam executados serem.

Há uma corda em meu pescoço

Que se aperta mais e mais cada dia...

Há um gosto acre em minha língua

Que se assemelha a coisa alguma

Há um timbre fraco que ressoa -

Voz terrível e mansa inquietando

Meu coração.

Sem nada em mãos

Chego aos portões celestes

Reinvidicando minha parte do paraíso

De lá expulsa sou

Alegam os santos e os deuses

Que matei muitas flores

Que renunciei minhas dores

E não vivi o tempo que deveria

Apenas a remoer resquícios de passado

Lamentando o presente

Temendo o por vir;

Mas então não é isto ensaio para a eternidade vil?

Luta incessante contra o maior inimigo

Senhor de muitas armas e litanias:

O meu eu.

Um poço profundo e obscuro

Espera minha alma

E uma pausa drástica

Assombra intuitos que não cumprira

Mas ainda hei de esperar

Os dias em que meu corpo e alma

Não trairão ao que devo ter e ser.

Então se derramará

Dos céus uma chuva

Contendo tudo o que preciso para ser feliz, encharcando meu corpo

Inundando-me

Enternecidamente

Levará ao repouso e ao prazer

Esta mortal que vos tristemente fala.

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 13/01/2024
Reeditado em 13/01/2024
Código do texto: T7975909
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