PENUMBRA.

Na fosca parede

Do quarto de dormir

Sob olhares

Noturnos, soturnos

Tomavam corpo

Contornos em linhas,

Em curvas nuas

Pelas mãos que eram as tuas.

Sinuosos aclives, declives

Dedilhavam teus dedos

Em silhuetas de violão.

Desejos desnudos

A deslizar desenhos

Pela pele leitosa

Dum pálido querer.

Na pintura em penumbra

Que em sombras se revelava

Desfazia-se um corpo

Em chamas, deitado

Num Poema inventado

Dum estranho amanhecer.

Elenice Bastos.