do aço inflamável
No tablado, o fulgor não cessa no aço colérico,
Transforma-se a luz em arte nas artérias dos acontecimentos.
Um vão de carvão e petróleo se entrelaça às estrelas,
O morto se torna vivo e o vivo morre na escarpa do momento.
E toda vida se envolve por um fio de fel no firmamento,
Vamos, então, recolher o fonema proferido pelas pedras,
Ouve-se o trovão da queda de uma palavra, ou da colisão
De um fonema; a linguagem expele-se na parede da consciência.
O céu desvela-se na escuridão de seu fundo, o fruto esperado
Mostra seu miolo dilacerado, é por ele que somos, é por
Ele que agimos, e é por ele que as pernas buscam novo destino.
No interior do vento, espancamos a sonora vontade de nascer,
Pois o ventre da vida já impôs uma passagem,
O coração sabe e as vísceras reagem, é o tempo
De sair da masmorra após longa gestação
Sujeita aos fracassos da carne; por isso o medo
É irmão gêmeo, por isso o enigma é feito
De arame e não de barro, e nessa delicadeza
Acendemos o fogo à beira da estrada,
Concordamos com os companheiros da mesma jornada,
Que o clarão dessa luz que provém da lenha
Revela nossos rostos ao caminho.