Nunca Débora menina
Nunca Débora menina
pensaria em si assim,
que um dia possuiria
belos lábios carmesim.
Nunca Débora menina
quando andava num jardim
entre a rosa e a margarida
se notava flor afim.
Precisou que um certo dia
um rapaz que a avistaria
lhe dissesse co'alegria
— Eu te quero para mim!
Pois a Débora menina
encarou nesse garção
um dilema para a vida,
é ou não o amor paixão...
Pois se Débora menina
aceitasse esse vilão,
nada ali lhe garantia
se era asa ou se grilhão.
Precisou o moço fino,
sem viola ou violiono,
comprovar-se genuíno,
— Vou compor-te uma canção!
"Santa Débora menina,
saibas tens-me aqui prostrado;
vou cuidar-te nesta vida,
de hoje ao fim de meu legado.
Santa Débora menina,
teu olhar, o rir corado,
quando olhas sacarina
para o céu ou para o prado,
santa Débora, meu peito
se palpita de tal jeito
que entre a terra e céu perfeito
se ouve o grito apaixonado!
Santa Débora menina,
teu amor é mais intenso,
tua fama é mais divina,
a presença, um nume imenso!"
E cantava o moço fino
seu amor mais genuíno
sem viola ou violino,
mas nas mãos trazia um lenço.
13/01/2024