apenas o amavel

O vaso desliza entre as luzes do rio,

Escorre, na entranha da pedra, o gozo proclamado

De uma virgem insolente, sou aquele que a consome

Pelos olhos, e o pensamento a engole sem conhecer

A sua origem, a água de um pensamento vivo

Tintada de sangue, escorrendo pelos dedos das palmeiras,

Uma voz vertical infiltra-se nos cabelos da noite

E uma música de uma pele ainda intocada nasce

Nas orelhas das árvores, então, somos à estrada

Com seus mistérios e suas florestas intermináveis,

Somos esse mistério que em torno da nossa memória

Nos avisa que a vida respira nas folhas das mulheres

E todo o ser deveria conhecer a luz encantada que

Sugere em cada mulher, e que somos o seu sabor materializado,

E elas dançam, nos olham, e nos afogamos na esperança

De um desejo que seja mínimo, pois delas somos filhos

E para elas desejamos retornar, e construímos rios e lagos de todo

Tipo de pensamento, trocamos a preço baixo a única

Casa que leva nosso nome apenas para sabermos que

Uma delas soletrou a nossa esperança, e amamos tantas,

E desejamos tantas, e pertencemos a tantas, e elas, ocultas,

Nos dizem, talvez, amanhã, talvez o rio descubra a melhor

Passagem, talvez a gaivota descubra o sabor em outra fruta,

E, fingindo encontrar a luz mais apropriada, somos consumidos

Pela vontade de amar, mesmo que seja apenas o amável.