CACO
Ainda sou eu, mas não sou o mesmo.
Ainda sou o mesmo, mas não eu
(Sem alma, talvez um gás que o vento
Apaga no mínimo movimento).
Meu verso duvida do cem por cento,
Traz pouca fé de todos os ponteiros
Da Via Crúcis dos dias em preto,
Branco e desse cigarro espesso.
Martelo o meu cinzel no silêncio
Cinza das duas, cá no pavimento,
Onde nenhuma luz está acesa,
Nem lá no portão de Exu Caveira.
Ainda nunca fui eu num só tempo,
Sou caco maquiado de espelho.