como dizer
Como dizer que a lua te procura e da coluna
Mais alta lhe espreita sobre o mundo, a silhueta
Que lhe segue é uma tribulação do líquido
Iluminado que escorre das estrelas, a noite é seu
Breviário, seu livro sagrado, bosque de aurora
Sempre fresca e virgem, as casas, e suas janelas
Por onde o sol adentra e desvenda as cadeiras mais
Antigas, as mesas de madeira, as plantas ornamentais
Se olham e se perguntam durante sua passagem,
Casas imensamente vividas, revividas, onde os
Moradores com seus calos ressequidos guardam
Suas memórias, pústulas de cada escuro, dizem
As coroas de sombra e as veredas que germinaram
Em suas caminhadas, mas no alto, o céu, ventos
Soturnos e alva esperança entranhada entre a
Terra e as constelações, a tessitura das telhas,
Escrita na paciência de muitos trovões, que
Lavava os telhados em troca da marca de um
Tempo já sedimentado com uma história, mas
Como um jeito de ser dos muros, das portas,
Das pedras que amparam os que por elas andam,
E o teu silêncio nada diz, apenas o vão onde
Todas essas coisas gritam, memórias ainda tremem.