Rasgar o físico!

No espetáculo das sensações, tão repentinas...

Para além dos meus rompantes, que suplícia alguma infinitude...

Porque, eu não queria escrever...

Pensam do escritor, a máquina ambulante...

Que nunca foi...

É mais que dor...

Se fosse somente, a dor...

Dor, nem sempre é sofrimento...

Mas, uma vez doendo...

Uma vez, sentindo...

Mais do que se fez...

E para além do humano, muito escasso o que sempre foi...

Fizeram assim: jogaram o sentir, nos raros e esvaziaram nos tantos...

Muito imprópria, a insensibilidade que vivenciam...

Porque, eu não quero acreditar...

É não querer, mesmo...

Sentir, me assume significados além...

E quando me sinto, sem respirar no físico...

E quando me sinto, alheia a tudo...

A tudo!

Nos meus rompantes autoreflexivos...

Porque, deixaram existir a melancolia?

Doeu...

Doeu demais...

Não posso deduzir...

Não posso escrever...

Me pronunciam, escritora...

Totalmente, enganados...

Isso, aqui...

É o mínimo que consigo demonstrar, de tanto!

De tanto! Morrer!

De tanto que vivo, nessas mortes que presencio, dos momentos em que percebo...

Não posso, me sentir especial...

Talvez, poderia ser...

Se na linguagem, poderia denotar...

Poderia dizer...

Mas, sentir!

Infames, que me dilaceram cada pontada...

E cada presença, que reverbero na existência...

Cada observação...

Meu fluxo, não é único...

Meu físico, é muito efêmero...

Minha juventude, é só o lixo da espécie...

Lixo, porque qualquer um pode ter...

Lixo, porque acaba...

Lixo, porque no fim, é o menos importante...

Quem dera, se assim compreendessem...

A visão de um "lixo", físico...

Morada, meramente provisória...

Será jogado fora...

Te assusta?

Então, acorde!

Não se veja como corpo...

Sobretudo, se conheça como mente!

As autoreflexões, em muitos momentos, me causam um horrível medo...

É o revirar do escuro, que também vejo...

Estes pontos escuros, que todos têm...

Mas, ora veja só!

Em tudo! Tudo! Tudo!

Que na minha angústia!

Que no desespero que me serra, é perceber!

De nada, vieram ao mundo...

Quando eu, decerto, compreendo não ser especial, porque tenho consciência...

E quando, no mais incerto, se percebem os gênios da maior façanha que já presenciei...

Que se carrego a dor de tudo...

Nada, carregam!

Não há como!

Não há como!

Não!

Por favor!

Destruam o ego, e se vejam como tais!

Destruam a fome ordinária! Corruptível, e vejam!

O que aqui observo, não por ser tudo para o todo...

Mas, porque vendo o todo, não penso que ele possa merecer a espécie...

Gisele Maria
Enviado por Gisele Maria em 10/01/2024
Reeditado em 10/01/2024
Código do texto: T7973466
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