BOBO DA CORTE

Como num jogo

ele é o bobo

de bobo nada tem

disfarça muito bem

trespassa o além

vivendo aquém...

...vive em outro mundo

tido como vagabundo,

reside num castelo

onde o rei é seu paralelo,

a divertir é obrigado

distrair é seu legado.

Considerado aberração,

aos pulos é trapalhão,

ninguém presta atenção

mas capta toda a falação,

guardando cada feição

sem qualquer emoção.

O bobo é tão esperto

vê tudo tão de perto,

segredo ou decreto,

sem saber o correto

se ouviu certo ou errado

lá se foi o recado.

O bobo canta a música

com muita astúcia

ou declama um poema

resolvendo o problema,

tanto é habilidoso

quanto corajoso!

O bobo se põe em perigo,

é amigo ou inimigo?

Finge não saber

o que irá acontecer,

no palco ele se encontra

na trama ele apronta.

Seu rosto pouco é avistado,

sempre está maquiado,

duas identidades, é o esperado,

que andam lado a lado,

difícil intuir

o bobo só faz rir.

Pouco observado,

leva e traz o recado,

sem sequer ser notado

a esse papel está fadado,

sempre desbaratinado

o cérebro depreciado.

De bobos a “corte” está repleta

um e outro se completam,

fazem o mesmo que um espião

repassando a informação,

vão escutar até por satisfação

sem se importar com a condenação ...

Maria Cristina Amaral Oliveira
Enviado por Maria Cristina Amaral Oliveira em 10/01/2024
Reeditado em 10/01/2024
Código do texto: T7973405
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