BOBO DA CORTE
Como num jogo
ele é o bobo
de bobo nada tem
disfarça muito bem
trespassa o além
vivendo aquém...
...vive em outro mundo
tido como vagabundo,
reside num castelo
onde o rei é seu paralelo,
a divertir é obrigado
distrair é seu legado.
Considerado aberração,
aos pulos é trapalhão,
ninguém presta atenção
mas capta toda a falação,
guardando cada feição
sem qualquer emoção.
O bobo é tão esperto
vê tudo tão de perto,
segredo ou decreto,
sem saber o correto
se ouviu certo ou errado
lá se foi o recado.
O bobo canta a música
com muita astúcia
ou declama um poema
resolvendo o problema,
tanto é habilidoso
quanto corajoso!
O bobo se põe em perigo,
é amigo ou inimigo?
Finge não saber
o que irá acontecer,
no palco ele se encontra
na trama ele apronta.
Seu rosto pouco é avistado,
sempre está maquiado,
duas identidades, é o esperado,
que andam lado a lado,
difícil intuir
o bobo só faz rir.
Pouco observado,
leva e traz o recado,
sem sequer ser notado
a esse papel está fadado,
sempre desbaratinado
o cérebro depreciado.
De bobos a “corte” está repleta
um e outro se completam,
fazem o mesmo que um espião
repassando a informação,
vão escutar até por satisfação
sem se importar com a condenação ...