Poema de areia e sal

Construí castelo de areia

Em abismos insondáveis 

Fui muito além das muralhas

Onde o sol é sal

e o sul é só

um ponto na rosa dos ventos

Em meu fantástico mundo

de guache e nanquim

Há quem ache

Que o papel

Não precisa

de mim

Sou telúrico de nascimento

e pertença

Fruto daquela crença

Seres eternos 

e ternos

nós

O tempo já bate a porta

dos que renovam seus votos

A aurora dos dias

É uma jovem dama

no jogo preto e branco

da vida

Cabe a nós o fantástico 

e fantasioso universo

Sermos como a frincha

das janelas do meu castelo

Um palácio de areia e sal 

oceânico feito para durar

E desaguar quando quero

ou não quero

talvez quero-quero

Este átomo indizível

de asas 

No contra mar

Seremos o sal 

onde tudo é sol

Serpenteando as narinas 

dos trópicos

Abaixo e acima da linha do equador

Singrando hemisférios 

Minha psique as vezes imita

dita e fita, segue a risca

O mapa mental das embarcações naufragadas

Quando muito, 

sôfrega alcança o recife de coral,

quase ilha ou atol

Em terra firme é quase primavera

E nos campos,

já ecoa o cântico do bem-te-vi

Se a fuligem me impedir

vou florir

Se a floração não vingar

vou sonhar

Sou castelo de areia e sal

De sol a mar.

DestinoPoesia
Enviado por DestinoPoesia em 10/01/2024
Reeditado em 10/01/2024
Código do texto: T7973076
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