A casa
Não sei como foi feita/
Só sei que eu a vi/
Quando representava um lar/
E te convido a imaginar/
Ela era desenhada no padrão da época/
Feita pra muitos morar/
No meio do quarteirão/
Janelâo em quatro folhas de vidro/
Pra quando a chuva quisesse desenhar na imaginação
Lá também havia uma porta dividida ao meio/
De dimensões compridas/
Pra melhor refrescar/
Era tudo bem grande, feito um castelo/
Toda pintada em amarelo/
Lá próximo ao telhado uma escultura/
Como a dizer com orgulho/
O dia provável de fundação/
Onde a inscrição falava 1907/
Lá eu sei que morava /
A professora Galante/
Não sei ao certo quantos eram os ocupantes/
Mas sei que toda aquela estrutura/
Se iniciou sob o designo de um carinho /
O pai e a mãe de suas forças/
A realizar um sonho construindo um ninho/
Que se constituíu durante tempos /
A segurança tão avaliada pela vaidade/
Representatividade de poder capital/
Asilo de histórias da vida real/
Inconfidente de segredos/
E emoções familiares vividas/
Quantas idas e vindas/
Nesse processo o tempo esvaiu-se/
Seus ocupantes um a um foram saindo/
Até que os pais adormeceram na morte/
De início de guarida a bens de família/
Põe-se a venda toda aquela história/
Tantas emoções contidas/
A um preço de milhões/
Que são impagáveis como tradições/
Tanto orgulho contido/
Tanto esforço empregado/
Tantos elogios falados/
E o que ficou/
O telhado caiu/
Agora a chuva/
Escreve dentro e fora/
Tendo o sol desde a aurora/
Em que os pássaros labutam/
Pra naquele solo se erguer árvores e frutos/
Daquela famosa construção/
Só a frente ainda nos presentea/
Como peça de história/
Porque o resto foi ao chão/