CÁLICE.

Afastado o cálice

Que, em tragos ardentes,

Te trazia pra mim.

E em veias dilatadas

Dum vermelho rubi,

Entre o céu e a escuridão,

Cadenciava um coração,

(Iludido a sonhar)

Em golpes secos

Sorvo a dor

Desse vazio incolor.

Taça trincada e ardor

Restaram do vinho

Que vinagrou...

Mas não passa

Esse sabor,

Droga lícita,

Na boca, implícita,

Subentendida no olhar,

Quando passas

Sem me notar.

Nesse vício de beber-te,

A incurável mania

Dessa crônica embriaguez

De morrer de te amar...

Elenice Bastos.