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Ela me abraçou…
e dividiu comigo o
canudo de coca zero.

Ela assistiu comigo
dois capítulos de meu
seriado preferido…

No meu sofá
que foi feito
apenas pra um.

Ela me beijou…
num dia, noutro dia
no outro...

e então ela
não fez sentido.

… e dias antes;
Ela não me fez sentido.

… e meses antes;
Ela não me fez sentido.

… e quando nasci;
Ela não me fez sentido.

… e quando eu morri;
Ela não me fez sentido.

...

Então ela foi embora
e a casa ficou enorme
e cheia de oxigênio

... e serotonina.

Mas, hoje eu pensei nela
com carinho e sorriso de
quem acaba de sair de
uma montanha-russa...

Sorriso de quem capota
o carro na BR 320 e sai
vivo e dançando, rebolando.

Ela foi embora e ela era
só mais uma de um número
extenso, que multiplicado
por zero… a gente já sabe.

... que virará poesia.

Uma poesia
que não vai para
livro nenhum.


 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 06/01/2024
Código do texto: T7970581
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