ALEGORIAS DO INTERNO ME ATRAEM
Tentei evitar encantos, passar batido teus stories
Já tropecei em tantos, suponho que isso por si só me entrega.
Falta fôlego, vocabulário, recorro ao dicionário
Elogio é moeda de troca, toque mediado através da tela.
Culpa minha deixar correr a notícia da ideia
De que a tua conversa convence e me carrega.
A voz rouca discursando solta, mansinha,
Re(des)construindo, provocadora, inquieta,
A parte de admitir que, à parte isso, ainda
Vale a pena viver um romancinho brega.
Teu dom de perfumar a sala só de estar
Não sabe o quanto isso me pega e aquela velha
História do tempo deitar anseios, ditar o compasso,
Confesso que até a fé prostituída reverbera
Quando lembro do teu gosto, olho nu, teu olhar devolve
Num sorriso resolve, efeito tobogã por onde o medo escorrega
Do sossego ao pecado toda peça que me quebra interessa
Um combinado entre o esforço e o universo que modera.
Da euforia na fila até à pausa na pose num fim de festa
Felicidade é a luz de uma fresta, nunca linha reta
No conforto de sentir que caso essa fase acabe
Ainda tem nós dois existindo como em outras épocas.
O tempo é dardo lançado ao vento
E se vem semana que vem, eu ansioso.
Saudade é dardo cravado no peito
Me arrancou (sozinho) sorrisos bobos.
Meu peito é alvo fácil de saudades tuas
Me fez carregar caneta e bloco nos bolsos
Pra não correr risco de perder um rabisco
Descrevendo qualquer momento ardente ou preguiçoso.
Poucas palavras, mas elas contêm tanto,
Tanto o quanto já nem acho mais isso perigoso.